domingo, 9 de novembro de 2025

A Civilização Antiga da Babilônia



BABILÔNIA

1. Primórdios dessa civilização antiga

A Babilônia foi uma das mais importantes cidades da Mesopotâmia, localizada entre os rios Tigre e Eufrates, na região que hoje corresponde ao Iraque. Sua origem remonta ao final do III milênio a.C., quando pequenas aldeias começaram a se desenvolver na planície fértil da região. Inicialmente, era apenas uma cidade entre muitas da Suméria e da Acádia, mas aos poucos ganhou destaque político e econômico.

2. Formação

A ascensão da Babilônia ocorreu por volta de 1894 a.C., quando a cidade foi unificada e transformada em capital de um pequeno reino sob o comando da dinastia amorita. O rei Sumu-abum é considerado o fundador da dinastia, mas foi seu sucessor, Hamurábi, quem consolidou o poder babilônico e transformou a cidade no centro de um vasto império.

3. Sociedade e cultura

A sociedade babilônica era hierarquizada. No topo estavam o rei e a nobreza; abaixo, sacerdotes, escribas e comerciantes; em seguida, camponeses e artesãos; e, por fim, escravos, geralmente prisioneiros de guerra.
A cultura babilônica herdou e aperfeiçoou tradições sumérias, destacando-se na arquitetura, na literatura e na astronomia. O idioma principal era o acádio, escrito em cunha (escrita cuneiforme). A cidade era famosa por sua beleza, templos e jardins — entre eles, os lendários Jardins Suspensos da Babilônia, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

4. Religião

A religião babilônica era politeísta, com uma rica mitologia. O deus Marduque era o principal, considerado o protetor da cidade e senhor do universo. Os templos, chamados zigurates, eram centros religiosos e também de observação astronômica. O “Enuma Elish”, poema da criação babilônico, relata o triunfo de Marduque sobre as forças do caos e a criação do mundo a partir do corpo da deusa Tiamat.

5. Auge da civilização

O auge da Babilônia ocorreu em dois grandes períodos:

  • Primeiro Império Babilônico (século XVIII a.C.), sob Hamurábi, que unificou a Mesopotâmia e elaborou o famoso Código de Hamurábi, uma das primeiras coleções de leis escritas da humanidade.

  • Segundo Império Babilônico (século VII–VI a.C.), conhecido como o Império Neobabilônico, sob Nabopolassar e Nabucodonosor II, quando a cidade atingiu seu esplendor arquitetônico e cultural.

6. Conquista de outros povos

Hamurábi conquistou várias cidades-estado rivais, como Mari, Assur e Eshnunna, unificando grande parte da Mesopotâmia sob o domínio babilônico. Séculos depois, Nabucodonosor II expandiu novamente o império, dominando regiões da Síria, da Palestina e até Jerusalém, cujo povo (os hebreus) foi levado em cativeiro — o chamado Cativeiro Babilônico.

7. Principais monarcas da era de ouro

  • Hamurábi (1792–1750 a.C.) – Criador do Código de Hamurábi e unificador da Mesopotâmia.

  • Nabopolassar (625–605 a.C.) – Fundador do Império Neobabilônico, libertou a Babilônia do domínio assírio.

  • Nabucodonosor II (605–562 a.C.) – Maior rei babilônico, responsável pela reconstrução monumental da cidade, incluindo os Jardins Suspensos e o Portão de Ishtar.

8. Decadência e declínio

Após a morte de Nabucodonosor II, o império entrou em declínio devido a crises internas, disputas pelo trono e pressões externas. O último rei importante, Nabonido, enfraqueceu o poder central ao tentar impor o culto ao deus Sin, o que gerou insatisfação entre os sacerdotes de Marduque e a população.

9. Destruição da Babilônia

Em 539 a.C., o rei persa Ciro, o Grande, conquistou a Babilônia praticamente sem resistência. A cidade foi incorporada ao Império Persa e, embora tenha continuado habitada, nunca mais recuperou seu esplendor. Mais tarde, Alexandre, o Grande, tentou transformá-la em capital de seu império, mas sua morte interrompeu o projeto. Com o tempo, Babilônia foi abandonada e coberta pelas areias do deserto.

10. A Babilônia na Bíblia

Na Bíblia, a Babilônia simboliza o orgulho humano, a opressão e a idolatria. É citada em várias passagens, desde a Torre de Babel (Gênesis 11) até o Livro do Apocalipse, onde é descrita como a “Grande Babilônia, mãe das prostituições e abominações da Terra”, símbolo do mal e da decadência espiritual. O Cativeiro Babilônico dos hebreus (586–538 a.C.) também é um evento central da história bíblica.

11. Descobertas arqueológicas

As ruínas da Babilônia foram redescobertas no século XIX. Escavações realizadas por arqueólogos alemães, como Robert Koldewey, revelaram a grandiosidade da cidade: muralhas monumentais, o Portão de Ishtar, a Via Processional, templos e palácios. Muitas dessas peças estão hoje no Museu de Pérgamo, em Berlim.

12. Importância histórica

A Babilônia teve papel fundamental no desenvolvimento da civilização humana. Foi um centro de administração, direito, ciência e religião. Os babilônios desenvolveram conhecimentos avançados em matemática (uso do sistema sexagesimal, base 60), astronomia e engenharia. Sua organização jurídica e urbanística influenciou sociedades posteriores.

13. Legado

O legado babilônico atravessou milênios.

  • Jurídico: o Código de Hamurábi influenciou o pensamento legal ocidental.

  • Científico: o estudo dos astros deu origem à astronomia e ao calendário.

  • Cultural: sua mitologia inspirou textos bíblicos e obras literárias modernas.

  • Arquitetônico: suas construções monumentais se tornaram símbolo de poder e sofisticação no mundo antigo.

A Babilônia permanece, até hoje, como um dos maiores ícones da Antiguidade — símbolo da glória, da sabedoria e também da fragilidade dos impérios humanos.


Aqui está uma bibliografia completa e confiável sobre a Babilônia, incluindo livros acadêmicos, artigos históricos e fontes clássicas, tanto em português quanto em outras línguas (para consulta mais ampla).


BIBLIOGRAFIA SOBRE A BABILÔNIA

1. Obras Gerais sobre a Mesopotâmia e a Babilônia

  • KRAMER, Samuel Noah. A História Começa na Suméria. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
    → Um clássico sobre a civilização mesopotâmica, com informações detalhadas sobre as origens culturais que influenciaram a Babilônia.

  • BOTTÉRO, Jean. A Babilônia: Esplendor e Decadência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994.
    → Um dos estudos mais respeitados sobre a civilização babilônica, com foco em religião, sociedade e política.

  • ROUX, Georges. A Mesopotâmia: História, Civilização e Legado. Lisboa: Editorial Presença, 1995.
    → Obra fundamental que abrange desde o período sumério até o declínio babilônico.

  • KRAMER, Samuel Noah. A História da Babilônia e da Assíria. São Paulo: Hemus, 1986.
    → Apresenta o desenvolvimento político e cultural da Babilônia em paralelo à Assíria.


2. Religião, Cultura e Sociedade

  • BOTTÉRO, Jean. A Religião na Babilônia Antiga. Lisboa: Edições 70, 1987.
    → Estudo aprofundado sobre os mitos, rituais e deuses babilônicos, como Marduque e Ishtar.

  • DALLEY, Stephanie. Myths from Mesopotamia: Creation, the Flood, Gilgamesh, and Others. Oxford: Oxford University Press, 2008.
    → Reúne traduções de textos mitológicos babilônicos, incluindo o Enuma Elish e o Poema de Gilgamesh.

  • BLACK, Jeremy & GREEN, Anthony. Gods, Demons and Symbols of Ancient Mesopotamia. Austin: University of Texas Press, 1992.
    → Um guia ilustrado sobre a simbologia e as crenças religiosas babilônicas.


3. Política, Império e Economia

  • OATES, Joan. Babylon. London: Thames and Hudson, 1986.
    → Um estudo sobre a formação urbana, arquitetura e poder político da cidade.

  • LEICK, Gwendolyn. Mesopotamia: The Invention of the City. London: Penguin Books, 2002.
    → Explora o papel da Babilônia como centro urbano e cultural do Oriente Antigo.

  • SNELL, Daniel C. Life in the Ancient Near East, 3100–332 BCE. New Haven: Yale University Press, 1997.
    → Descreve a estrutura social, o cotidiano e a economia babilônica.


4. O Código de Hamurábi e o Direito Babilônico

  • ROTH, Martha T. (org.). Law Collections from Mesopotamia and the Ancient Near East. Atlanta: Scholars Press, 1997.
    → Reúne traduções e análises do Código de Hamurábi e outros textos legais mesopotâmicos.

  • HAMURÁBI. O Código de Hamurábi. Tradução de L. W. King. São Paulo: Martin Claret, 2004.
    → Edição comentada do texto jurídico mais famoso da Antiguidade.


5. Arqueologia e Descobertas

  • KOLDEWEY, Robert. The Excavations at Babylon. London: Macmillan, 1914.
    → Relato original do arqueólogo alemão que escavou as ruínas da Babilônia no século XIX.

  • CURTIS, John E. (org.). New Light on Nimrud: Proceedings of the Nimrud Conference, 2002. London: British Museum Press, 2008.
    → Reúne estudos arqueológicos modernos sobre cidades mesopotâmicas, incluindo Babilônia.

  • BRITISH MUSEUM. Babylon: Myth and Reality. London: British Museum Press, 2008.
    → Catálogo da exposição que mostrou achados arqueológicos e artefatos babilônicos originais.


6. A Babilônia e a Bíblia

  • BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo: Paulus, 2004.
    → Contextualiza a Babilônia nas narrativas bíblicas e no cativeiro hebreu.

  • FINKELSTEIN, Israel & SILBERMAN, Neil Asher. A Bíblia Desenterrada. São Paulo: A Girafa, 2003.
    → Apresenta as descobertas arqueológicas relacionadas à Babilônia e ao exílio dos hebreus.

  • WALTON, John H. Ancient Near Eastern Thought and the Old Testament. Grand Rapids: Baker Academic, 2006.
    → Estudo comparativo entre a cosmovisão babilônica e as tradições bíblicas.


7. Fontes Primárias Traduzidas

  • Enuma Elish: The Babylonian Epic of Creation. Tradução de L. W. King. London: Oxford University Press, 1902.

  • The Epic of Gilgamesh. Tradução de Andrew George. London: Penguin Classics, 1999.

  • The Babylonian Chronicles. Tradução de A. K. Grayson. Toronto: University of Toronto Press, 1975.


8. Recursos Online e Museus

  • The British Museum – Babylon Collection
    https://www.britishmuseum.org
    → Exibe artefatos originais, como o Portão de Ishtar e inscrições cuneiformes.

  • Louvre Museum – Department of Near Eastern Antiquities
    https://www.louvre.fr
    → Possui objetos e tabletes da Babilônia.

  • The Cuneiform Digital Library Initiative (CDLI)
    https://cdli.ucla.edu
    → Banco de dados com milhares de textos cuneiformes traduzidos.


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