domingo, 20 de julho de 2025

Imperador Romano Augusto

Imperador Romano Augusto
Quando Jesus Cristo nasceu o imperador que reinava em Roma era Augusto, o divino! Claro que na realidade ele não era divino coisa nenhuma, porém Augusto foi considerado um administrador tão capaz do Império que acabou sendo aclamado como uma divindade, com direito a um lugar no panteão romano dos deuses, algo que era aceito naturalmente dentro da religião politeísta do povo romano. O próprio título que lhe foi atribuído, Augusto, significava justamente isso, o de um ser humano que ao morrer se tornou um Deus glorioso!


O mais interessante é que Augusto foi de certa maneira um imperador improvável. Ele era um patrício de família nobre, mas nada em sua infância e juventude poderia antecipar que um dia ele se tornaria um imperador romano com tanto poder! Na realidade quando nasceu Caio Otávio (seu nome real) nem sequer existiam imperadores em Roma, já que seu nascimento se deu na fase da República romana. Sua única ligação com o poder era o fato de ser o sobrinho do grande general, orador e político Júlio César. Amado pelos seus soldados e pela plebe (a grande massa empobrecida do império), Júlio César acabou centralizando praticamente todo o poder de uma Roma em seu auge. Quando se deu conta ele praticamente havia se tornado um verdadeiro rei - algo que dava arrepios no senado romano. Assim para conter sua sede de poder ele acabou sendo morto brutalmente por senadores que o esfaquearam em pleno senado nos idos de março.

A morte de Júlio César mudou a vida de Otávio para sempre. Poucos sabiam, mas ele acabou sendo nomeado o herdeiro de César em seu testamento, o que significava que ele herdaria todos os seus bens e também seu legado político. Depois de um período realmente conturbado - onde um triunvirato subiu ao poder, sendo Otávio um de seus vértices - ele finalmente se acomodou no trono em Roma, se tornando não um rei, mas sim um imperador, um novo título que iria dominar a política romana nos séculos seguintes.

Sob um ponto de vista histórico Augusto foi um bom imperador. Ele reorganizou o Estado romano, criou instrumentos para equilibrar as finanças, organizar o exército e preservar as vastas fronteiras de um Império que dominava praticamente todo o mundo ocidental conhecido. Ao cessar as invasões a povos vizinhos de Roma ele conseguiu implantar um momento histórico de paz e prosperidade em Roma. A "pax romana" significava justamente isso: havia pela primeira vez em séculos um período de paz absoluta dentro das fronteiras romanas. Uma de suas maiores satisfações foi justamente fechar as portas do templo de Marte (o Deus da guerra) em Roma, um gesto que significava que todo o império se encontrava em paz, sem guerras e nem matanças de povos inimigos.

Augusto viveu muito para um homem da antiguidade, mais de 75 anos de idade. Ele era magro, tinha hábitos moderados, comia pouco, trabalhava muito e procurava administrar toda a máquina estatal romana com honestidade, responsabilidade e justiça, premiando os melhores homens do império por suas qualidades pessoais e competência. Embora Jesus tenha sido provavelmente o maior homem que já andou na face da Terra, o imperador Augusto morreu sem saber de sua existência. Afinal de contas Jesus nasceu numa distante província romana. Além disso quando Augusto morreu o jovem Jesus era apenas um garoto de 14 anos, ainda entrando na sua puberdade.

Aliás para muitos historiadores o único grande fracasso da vida do imperador Augusto foi justamente no campo religioso. Como imperador ele foi alçado ao cargo máximo da religião romana. E ele levou muito à sério essa função, promovendo uma série de leis de moralidade a serem seguidas pelo povo de Roma. Infelizmente suas leis foram desrespeitadas por sua própria filha, Júlia, que promoveu uma orgia em um templo sagrado na cidade eterna. Horrorizado e escandalizado por sua atitude ele a baniu para sempre para uma ilha distante e isolada. Augusto não admitia ser desmoralizado como chefe da religião pagã de Roma. Depois de sua morte todos os seus esforços foram reconhecidos pelo povo de Roma, a ponto de um mês do ano ser renomeado em sua homenagem: o mês de agosto, o mês de Augusto, o Divino.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de julho de 2025

Papa Linus

Papa Linus
No decorrer dos séculos muito foi perdido em termos de precisão histórica da Igreja. O Papa Lino foi o segundo Papa da história da Igreja Católica. Foi o sucessor de Sâo Pedro, considerado o primeiro Papa por ter sido o fundador da Igreja de Jesus Cristo. Como grande parte dos escritos originais se perderam nesses séculos pouca coisa segura há para se desvendar sobre esse segundo Bispo de Roma, Lino. Sabe-se que nasceu na Toscana, filho de um homem chamado Herculano. Foi um dos primeiros a se converter ao cristianismo. Na época a nova crença era considerada uma religião perigosa e subversiva pelos imperadores romanos. Há controvérsias se Lino teria conhecido ou andado ao lado de Pedro, mas pode-se afirmar com certeza que ambos viveram no mesmo tempo e na mesma cidade, foram contemporâneos. Como a igreja ainda era uma instituição perseguida não se sabe com precisão quando começou seu pontificado. Não havia documentos escritos para evitar execuções dos líderes do movimento.

Para alguns historiadores porém Lino não seria o único a ostentar o título de Bispo de Roma em sua época. Ao que tudo indica o poder de se levar adiante a palavra de Cristo em um império que a oprimia pertencia a três homens diferentes, Lino,  Anacleto e Clemente. Segundo ainda tradições antigas Pedro teria passado a missão de levar em frente a igreja de Roma diretamente a Clemente, só que esse tinha pouca ambição de ostentar esse título (não se sabe se sua atitude partia de um certo temor de ser morto por autoridades imperiais ou por pura modéstia pessoal). Assim Clemente por ser muito modesto retirou-se logo dessa função. Anacleto por sua vez desapareceu subitamente dos poucos registros que sobreviveram, ficando claro que a partir de determinado momento coube a Lino a condução da Igreja logo após as mortes de Pedro e Paulo.

Não se sabe também com precisão por quanto tempo Lino foi Papa. Há um certo consenso de que ele teria ficado no trono de Pedro por onze anos e oito meses. Apesar da perseguição das autoridades seu pontificado foi considerado pacífico e administrativamente organizado. Ele escreveu um dos primeiros documentos da Igreja, um regulamento que proibia as mulheres cristãs de irem aos cultos sem o véu. Depois que Nero descobriu que Lino era o suposto líder da nova Igreja que nascia, resolveu que ele deveria ser martirizado. Segundo algumas fontes Lino foi morto no ano 78, sob as ordens do cônsul Saturnino. Existe uma lenda que Lino teria feito um exorcismo em sua filha, expulsando um demônio evocando o poder de Jesus.

De qualquer maneira, mesmo sem confirmação histórica precisa, o fato é que o Papa Lino teria deixado uma obra escrita em grego sobre os martírios de São Pedro e de São Paulo, contando também parte de suas histórias. Tal obra teria sido de imensa importância histórica hoje em dia, mas certos estudiosos acreditam que eles sofreram adulterações ao longo da história, sendo os escritos originais perdidos para sempre. A tradicional história do conflito entre São Pedro e Simão, o Mago, teria sido tirado do livro original de Lino. Outra suposição é que os textos teriam sido queimados por autoridades romanas que estavam decididas a destruir o movimento cristão em Roma. Em termos históricos o pontificado de Lino coincide com a invasão e destruição do templo de Jerusálem pelo imperador romano Tito, um fato que causou grande comoção entre os cristãos de Roma. A luta de Lino nos primórdios do cristianismo lhe valeu a canonização. Hoje o Papa é reconhecido pela Igreja Católica como São Lino.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

A Dinastia Ming

A Dinastia Ming - A China foi uma das primeiras civilizações da humanidade a possuir uma centralização política. A figura do Imperador que inclusive deu nome à nação, proporcionou um avanço e um desenvolvimento sem precedentes na história. Enquanto a Europa era dividida por centenas de reinos, feudos e pequenos principados, a China já ostentava seu poder imperial sobre as nações vizinhas. Era uma civilização rica, culta e forte militarmente. Os imperadores deram os sentidos de nacionalidade e patriotismo que fizeram esse povo alcançar avanços tecnológicos, científicos e culturais absolutamente fantásticos para sua época histórica. Mesmo largando na frente em tantos setores vitais, o autor Paul Kennedy em seu livro "Ascensão e Queda das Grandes Potências" conseguiu, com raro brilhantismo, demonstrar todas as razões pelas quais a China e o Oriente não se tornaram o centro do mundo nos séculos seguintes (posição que coube aos europeus ocidentais).

Embora a figura dos imperadores tenha sido extremamente importante para a China em seus primórdios, após alguns séculos esses começaram a se afastar das funções administrativas do império. Eles começaram a se considerar puramente divinos, alguns até mesmo imortais. Vivendo em um mundo luxuoso de palácios monumentais, as novas gerações de imperadores chineses se afastaram completamente do mundo real. Eles se tornaram alienados e isolados do resto da sociedade chinesa. Muitos deles inclusive jamais conheceriam seu próprio povo, ficando trancados em cidades proibidas aos meros mortais. Figuras praticamente decorativas sem nenhuma função clara. A administração de um império tão vasto coube então à burocracia confucionista, formada por membros de setores cultos da sociedade. Usando os ensinamentos do mestre Confúcio como base esses burocratas tomaram as rédeas do poder na China Imperial - e isso apesar de ser considerado algo bom acabou levando à própria China à ruína.

Os burocratas exerciam o poder, porém dois outros grupos da sociedade chinesa pareciam mais importantes para a economia do império. O primeiro era formado pelos comerciantes, pela burguesia. Essa fazia intensa comercialização de produtos chineses para o exterior e de lá trazia vários artigos importados. Isso criava riqueza e prosperidade. Os burgueses construíram enormes embarcações para navegarem pelos mares com o propósito de levar o comércio chinês aos quatro cantos do mundo. Visitaram o Oriente próximo, Índia, África e Europa. Criaram uma extensa rede de comércio ao redor do mundo. Os burocratas do Estado porém começaram a criar dificuldades para a classe que mais produzia riqueza na China. Confiscaram seus bens e os acusaram de usura e ostentação. Em pouco tempo o amplo comércio que a China desenvolveu foi reprimido e destruído. Os confucionistas acreditavam que o segredo da felicidade era o isolacionismo e resolveram virar as costas para o mundo, destruindo assim enorme potencial para a economia chinesa que deixou de ser poderosa, rica e próspera para se tornar agrária e de subsistência.

Outro erro dos burocratas seguidores de Confúcio (que viveu cinco séculos antes de Cristo) foi atacar as bases do exército chinês. Os principais militares foram perseguidos e despojados de seus poderes. Os membros da elite burocrata do Estado entendiam que a Guerra era danosa e indigna de homens cultos e sábios. Isso enfraqueceu a máquina de guerra do império ao ponto de deixá-los sem qualquer proteção. Quando os mongóis invadiram a China praticamente não encontraram resistência nas cidades, destruindo tudo por onde passavam. Isso aniquilou também os fundamentos da economia chinesa que deixou um passado glorioso para trás, sendo alvo de inúmeras invasões de povos fronteiriços, inclusive de piratas japoneses. A fome, a miséria e a devastação de cidades inteiras foi o legado de uma administração baseada nos ensinamentos de Confúcio. A lição da China Ming nos mostra que é necessário acima de tudo haver pragmatismo na condução dos negócios de Estado - caso contrário tudo pode ruir em nome de uma ideologia ou até mesmo de uma filosofia radical, por mais bem intencionada que ela possa ser.

Pablo Aluísio. 

sábado, 5 de julho de 2025

Egito Antigo - Faraó Quéops

Quéops é o nome em grego do faraó Khufu, que reinou no século 26 antes de Cristo no Egito Antigo. Khufu foi o segundo faraó da quarta dinastia. Ele herdou o trono de seu possível pai, o faraó Sneferu. Seu nome poderia ter sido apagado nas areias do tempo se não fosse pela famosa pirâmide construída em Gizé. A maior pirâmide leva justamente seu nome. Uma das sete maravilhas do mundo antigo se tornou o maior monumento construído pela humanidade por séculos. Até hoje se debate como construções daquelas proporções foram possíveis em uma era tão remota da história, onde a tecnologia e os conhecimentos ainda eram rudimentares.

Infelizmente por ter reinado em um tempo muito remoto da história pouco sobrou sobre sua verdadeira biografia. Existem algumas tradições e lendas, mas nenhum documento verdadeiramente importante comprovando aspectos biográficos de sua vida e seu reinado.Até mesmo sua tumba, localizada no centro da grande pirâmide foi encontrada sem pinturas ou escritos que trouxessem maiores informações sobre esse faraó.

A única imagem de sua vida provém de uma pequena estatueta de marfim de apenas 3 polegadas que foi encontrada em um templo em ruínas localizado em Abydos no ano de 1903 (foto acima). Todas as demais estátuas e relevos desse faraó não sobreviveram ao tempo. Algumas foram encontradas destruídas, com pequenos fragmentos impossíveis de serem restauradas. Assim as poucas informações sobre esse monarca do Egito Antigo foram encontradas em sua necrópole em Gizé. Documentos antigos, de complicada comprovação histórica também trazem pequenas historietas sobre Khufu. 

Esses registros datam de aproximadamente 300 antes de Cristo. Os historiadores romanos e gregos Manetho, Diodoro e Heródoto o descrevem como um tirano sanguinário. Um assassino de massas que usou seu poder sem limites para aniquilar os povos inimigos e quaisquer tipo de oposição interna ao seu reino. Ele teria sido pouco misericordioso, promovendo decapitações em centenas de inimigos. Curiosamente os textos também trazem pequenos elogios à administração do faraó, afirmando que ele procurou preservar o maravilhoso patrimônio histórico cultural do Egito durante seu longo reinado que teria durado de 16 a 27 anos - a data precisa também se perdeu nas areias do tempo.De uma forma ou outra seu nome ficou eternizado mesmo pela grande pirâmide, essa um monumento da grandeza do homem em realizar obras magníficas.

Pablo Aluísio.