domingo, 31 de agosto de 2025

Ricardo Coração de Leão e a Terceira Cruzada

Ricardo Coração de Leão e a Terceira Cruzada
Richard I ou Ricardo Coração de Leão segue sendo um dos monarcas mais amados e admirados da história inglesa. Ele subiu ao trono em julho de 1189 e se notabilizou por ter liderado a Terceira Cruzada em direção a Jerusalém. Naquela época a cidade estava sob dominação dos muçulmanos. Ele havia participado da Primeira Cruzada, mas retornou reclamando que ela havia sido desorganizada e sem planejamento. Para essa terceira expedição rumo à Terra Santa, Ricardo Coração de Leão fez um planejamento minucioso, além de ter angariado um verdadeiro tesouro entre seus súditos e vassalos para que nada faltasse durante a longa jornada em direção ao Oriente Médio.

Para fortalecer ainda mais a Cruzada, Ricardo contou com o apoio de outro monarca, o Rei Filipe II da França. Embora existissem várias diferenças políticas entre eles, que quase o levaram à guerra no passado, o fato de marcharem juntos agora selava uma poderosa aliança entre os reinos da França e Inglaterra. A causa comum que os unia era justamente a cruzada intercontinental. A cruzada se organizou na França e os dois monarcas começaram a viagem, passando por cidades italianas, chegando finalmente aos principais portos do Mar Mediterrâneo. Em Chipre o rei bizantino local achou que todos aqueles exércitos significavam uma ameaça, iniciando-se uma das primeiras batalhas da cruzada. Ricardo sagrou-se vencedor e tornou Chipre uma província do seu império.

Ricardo Coração de Leão chegou na Terra Santa bem no meio do calor do conflito. As forças de Saladino, líder muçulmano, massacravam o povo de Jerusalém. Qualquer cristão capturado tinha sua cabeça decapitada pelos seguidores do islã. As tropas de Ricardo chegaram no meio de uma grande batalha campal entre cristãos e islâmicos e conseguiu arrancar uma grande vitória no front. Os principais generais de Saladino foram aprisionados e executados. Grande parte de seus guerreiros abaixaram as espadas e se renderam. Quando a notícia chegou na Inglaterra o Rei Ricardo foi saudado como um herói da fé cristã e católica. Um monarca que deixou tudo para trás em nome da libertação da Terra Santa.

Infelizmente Ricardo teve que retornar para a Inglaterra menos de um ano depois sem conseguir seu grande objetivo: a tomada definitiva de Jerusalém. Ele teve que retornar para deter uma conspiração de nobres que ameaçavam sua coroa. Havia também disputas por territórios que contrariavam os interesses de seu reinado. Na viagem de retorno Ricardo foi capturado por outro monarca cristão, Leopoldo da Áustria, que tinha uma velha rixa com o Rei inglês. Feito prisioneiro, Ricardo foi enviado para uma prisão controlada por Henrique VI do Sacro Império Romano Germânico. Só após o pagamento de um valioso resgate ele foi libertado. Tudo isso atrapalhou e muito os objetivos de Ricardo de voltar um dia para Jerusalém para terminar o que havia começado com a Terceira Cruzada. Em abril de 1199 o Rei Ricardo Coração de Leão levou uma flechada mortal no abdômen. Ele foi ao campo de batalha sem armadura, um erro que lhe custou a vida. Ricardo tinha planos de pacificar as fronteiras dominadas pelo império inglês para só então retomar para a Terra Santa, mas não houve tempo. Ele morreria antes de concretizar seus sonhos e seus objetivos.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de agosto de 2025

Clóvis I - O Primeiro Rei da França

Clóvis I - O Primeiro Rei da França
Esse Rei dos Francos é considerado o primeiro Rei da França. Isso porque seu território correspondeu quase que exatamente o que depois iria se tornar o país da França. Mesmo assim não podemos nos esquecer que Clóvis I reinou em um passado bem distante, há mais de 1500 anos. Seu reinado durou de 481 a 511. Nessa época o Império Romano do Ocidente entrava em colapso. Considerado um Rei Bárbaro pelos Romanos, Clóvis I logo impôs seu poder na região conhecida pelos romanos como Gália. Ali ele uniu sob um mesmo reino diversas tribos dos Francos. Por isso é considerado pelos historiadores o primeiro Rei francês.

Ele também é considerado o fundador da Dinastia merovíngia que iria reinar por dois séculos na França. Foi também o primeiro líder dos francos a se converter ao catolicismo. Isso se deu em razão da influência de sua esposa, Clotilde da Borgonha. Ela era uma devota cristã. Até esse momento Clóvis seguia a religião pagã, com seus diversos deuses e crenças. Tinha adoração por Júpiter e Mercúrio. Ele renegou todos eles adotando a cruz como símbolo de seu reinado. Essa conversão ao cristianismo também trouxe o apoio da Igreja cristã que crescia entre os francos convertidos.

Outro ponto marcante no reinado de Clóvis e que fez com que ele se tornasse o criador do que seria conhecido como França, é o fato de que ele escolheu Paris para ser sua capital. Até então o Reino dos Francos não tinha uma cidade como sua capital. Povo bárbaro e guerreiro, eles tinham capitais itinerantes, usando o lema de que a capital de seu reino era onde o Rei estava. Em Paris ele fundou uma abadia, chamada de São Paulo e São Pedro, nas margens do Rio Sena.

Clóvis I morreu com apenas 46 anos de idade, em 511 e foi sepultado na Basílica de Saint-Denis. Isso deu origem a outra tradição entre os reis franceses, pois praticamente todos eles seriam enterrados nessa mesma igreja, que se tornaria um símbolo da monarquia francesa. Por todas essas razões a indicação de historiadores de que ele foi o primeiro Rei da França, é plenamente justificável.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de agosto de 2025

Papa Anacleto

Anacleto foi o terceiro Papa da história. Ele sucedeu a Pedro, apóstolo e primeiro Papa, e Lino (ou Linus), o segundo bispo de Roma. Esse Papa teve um diferencial importante em relação aos demais. Ele era grego de nascimento, porém cidadão romano, o que já demonstrava que o Cristianismo deixava de ser uma religião seguida apenas por estrangeiros, para ser abraçada pelos próprios romanos. A palavra de Cristo havia criado fundações importantes dentro da própria sociedade da cidade eterna. Nessa época o culto ao Cristo era considerado crime em Roma. Não fazia muito tempo que Nero havia realizado uma das maiores perseguições contra os cristãos na história de Roma. Muitos foram sacrificados e mortos, alguns na arena, onde eram jogados aos leões para satisfazer os anseios sádicos de uma população ávida por diversão, mesmo sendo profundamente cruel e sanguinária.

Anacleto ou "Cletus" como também era conhecido, se tornou líder do movimento cristão no mesmo ano em que Vespasiano subiu ao trono de Roma. Imperador enérgico e violento, ele continuou a campanha de Nero contra a nova fé que se alastrava pelos quatro cantos do Império. Assim Cletus, apesar de ser um cidadão romano, seguiu liderando os cristãos na clandestinidade, pois caso fosse descoberto seria condenado à morte. Como era um homem culto e letrado resolveu trazer bases de administração da nascente Igreja Católica. Dividiu o território de Roma em grupos, chamadas de paróquias. Cada paróquia deveria ter um responsável por aqueles fiéis. Os cultos eram realizados muitas vezes em catacumbas para que nenhum cristão fosse capturado por autoridades romanas.
Durante algum tempo historiadores da Igreja debateram a tese de que Anacleto e Cletus, citados em livros antigos, eram pessoas diferentes e não o terceiro Papa da história. Após um minucioso estudo das fontes históricas chegou-se finalmente à conclusão que Anacleto nada mais era do que um nome que Cletus assumiu após se tornar bispo em Roma. Começou assim a tradição de Papas adotarem nomes dinásticos, algo parecido com o que acontecia com os próprios imperadores romanos. O seu nome de origem era Cletus, já Anacleto era seu nome Papal.

Curiosamente muitos soldados romanos que descobriam cristãos escondidos acabavam sendo convertidos pela fé. Como tinha cidadania romana Cletus se empenhou pessoalmente na conversão de seus próprios compatriotas. Com leituras do novo testamento e discussão das escrituras, ele com seu planejamento, colheu excelentes frutos. Essa competência administrativa da Igreja lhe valeu o título de Anacleto, palavra de origem grega que significa "Impecável". Seu papado durou doze anos e durante esse período o Cristianismo entrou definitivamente nas casas das mais influentes famílias de Roma. Inicialmente o Cristianismo foi considerado uma seita formada basicamente por escravos e pessoas marginais, porém a presença de pessoas da própria elite de Roma, como Cletus, mudou essa concepção.

Cletus também adquiriu a propriedade do monte do Vaticano com doações de seus fiéis. No local havia se dado o martírio de Pedro e Cletus sonhava em construir um belo templo no mesmo local onde foi fincada a cruz de Pedro. Seu sonho acabou se materializando, muitos séculos depois, na bela construção da Basílica de São Pedro. Livros seculares na biblioteca do Vaticano também indicam o número de paróquias fundadas por Anacleto em Roma. Foram inicialmente 25 paróquias locais, cada uma com um número próximo de 50 a 60 membros. Esses foram os primeiros cristãos romanos da história. Cletus também firmou a primeira noção de hierarquia dentro da igreja, ao colocar sob seu poder a nomeação dos líderes dessas paróquias - função que séculos depois daria origem ao cargo de Padre na hierarquia católica.

Não se sabe ao certo a causa de sua morte, mas ao que tudo indica Cletus morreu de forma natural, com idade avançada, entre 75 a 80 anos, uma expectativa de vida muito superior à média da época. Seus sucessores resolveram construir uma pequena tumba no monte Vaticano, onde acabou sendo enterrado, junto aos restos mortais de Pedro e de Linus, o segundo Papa da história. Seu grande legado foi trazer as primeiras normas administrativas e de hierarquia dentro da Igreja, ideias que seriam desenvolvidas depois, gerando ótimos frutos para a instituição como um todo. Seu nome (como Cletus) acabou incluído no Cânone Romano da Missa. Embora a data exata de sua morte tenha se perdido nas neblinas dos séculos a Igreja Católica resolveu dedicar o dia de 26 de abril em sua memória. Cletos faleceu no ano 92 e ao ser canonizado recebeu o título de Santus Anacletus, ou em nossa língua, Santo Anacleto.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de agosto de 2025

Imperador Romano Tibério

Imperador Tibério
Quando Jesus Cristo foi crucificado o Imperador que reinava em Roma era Tiberius ou Tibério. Ele foi um imperador improvável. Filho da querida esposa de Augusto, não tinha laços de sangue com o grande monarca. Na verdade ele era filho do primeiro casamento de Lívia Drusa. Augusto era apenas seu padrasto e jamais pensou nele como o futuro imperador do Império Romano. Augusto queria em sua linha de sucessão alguns de seus netos, mas eventos do destino impediram isso. Eles morreram jovens e deixaram o velho imperador frustrado e desolado, sem herdeiros de sua própria linhagem. Quando caminhava já para seu fim ele então virou-se para Tibério e o declarou seu herdeiro político. Foi um ato feito sem nenhum prazer, fruto apenas da consideração que tinha por sua amada esposa, a companheira de muitos anos, Lívia. Na realidade Augusto não confiava muito em Tibério e não via nele nenhuma qualidade em especial para reinar em Roma. Alguns historiadores afirmam que ele tinha até certa aversão por ele, por causa de sua personalidade dura e nada simpática.

A vida, apesar da proximidade com o trono, nunca foi fácil para Tibério. Desde cedo ele foi enviado para servir em legiões romanas que lutavam em lugares distantes e inóspitos. Lá Tibério aprendeu como poucos a dureza da vida militar. Foi um homem sem luxos, que apesar de ser o filho da amada do imperador jamais gozou de muitos privilégios. Durante praticamente quarenta anos viveu na lama do serviço militar, em pleno campo de batalha. Quando subiu na hierarquia militar foi considerado por seus subordinados como um oficial rígido e disciplinador. Por não estar próximo da linha de sucessão e nem tampouco ser considerado um potencial futuro imperador romano pouco chamou atenção para si durante seus anos no exército. Também não criou inimigos no senado, uma vez que jamais foi um político, mas sim um militar. Quando Augusto finalmente adoeceu, sem herdeiros diretos ao trono, sua mãe Lívia intercedeu para que o velho Augusto escolhesse Tibério como sucessor. A campanha em favor dele surtiu efeito e o seu filho subiu ao poder supremo de Roma.

Ao contrário de seu padrasto que era amado pelo povo, Tibério foi um imperador cruel, duro e sanguinário. Logo no começo de seu período como imperador procurou destruir toda a oposição real e imaginária que encontrou pela frente. Implantou uma lei que punia severamente quem ousasse ofender as atitudes e a imagem do Imperador Romano. A Lei da Lesa Majestade foi implantada por todo o império e levou milhares de pessoas à morte. Tibério também resolveu nomear homens de sua estreita confiança para administrar as províncias romanas. Um deles foi Pôncio Pilatos, o governador que iria julgar e condenar Jesus Cristo a morrer na cruz. A crucificação também se tornou modelo padrão de condenação romana contra aqueles que tivessem a coragem de colocar em dúvida a supremacia do poder imperial. A menor crítica contra Tibério era vista como crime de Lesa Majestade, sendo seu autor morto na cruz, em qualquer lugar do Império.

Violento e paranóico, Tibério implantou um regime de terror em Roma. Organizou um regime de exceção no Império e condenou a morte muitos cidadãos romanos. Fortaleceu o exército e com violência puniu também todos aqueles que atentassem contra a religião romana. Certa vez mandou matar um grupo de homens acusados de tentar manter um relacionamento com as virgens vestais do templo. Tibério subiu ao poder quando já estava com uma idade considerada avançada para a época (56 anos). Por essa razão em pouco tempo começou a perceber que não tinha mais força, paciência ou energia para continuar vivenciando a rede de intrigas políticas do senado romano. Também temia que fosse morto mais cedo ou mais tarde pelos senadores. Afinal se até o grande Júlio César foi apunhalado pelas costas, o que poderia se esperar de um velho militar como ele, que não tinha nenhum jeito para o mundo da politicagem em Roma. Resolveu assim se retirar da cidade, indo morar em uma luxuosa vila em Capri, no alto de uma montanha, onde administrava o império através de correspondências que iam direto de seu gabinete para a capital. Lá também se sentia seguro das inúmeras conspirações que visavam assassinar o imperador - algo comum e esperado em Roma.

Em Capri o imperador Tibério também deu vazão à sua personalidade doentia. Embora fosse casado, em arranjos familiares bem de acordo com a alta sociedade romana, se dizia na boca pequena em Roma que o imperador tinha apreciação mesmo por jovens garotos. Sim, Tibério era um homossexual pedófilo. Quando foi para Capri e se fechou em seu palácio, começou a recrutar jovens garotos da região para joguinhos eróticos em sua grande piscina. Chamando os meninos de "peixinhos" ele se tornou um velho degenerado e depravado, acima das leis e da justiça de Roma, que afinal de contas lhe devia a mais estreita obediência. Quando se aborrecia com algum "peixinho" mandava que seus soldados o atirassem do alto da montanha em direção às pedras e rochedos da costa lá embaixo. Vivendo como um degenerado em seu palácio começou a cobrar moralidade dos que seguiam a religião romana. Era um hipócrita, mas mesmo assim foi colocado como sumo sacerdote da religião oficial do Estado. No fim da vida, já meio senil, mandou o senado declarar que ele era um Deus que deveria ser venerado pelos templos do império. Quem se recusasse a reconhecer que ele era uma divindade deveria morrer imediatamente. Morreu provavelmente envenenado pela mãe de Calígula, que desejava há muitos anos que seu insano filho subisse ao poder total de Roma. Como era tradição no Império Romano os imperadores acabavam sendo assassinados por seus próprios parentes e familiares.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

A Dinastia Quéops

A Dinastia Quéops
Bem poderia ser uma peça de Shakespeare. Só que na verdade foi uma história de sangue e morte dentro de uma das famílias mais poderosas do mundo antigo. Quando o poderoso Faraó Quéops morreu, ele deixou uma dinastia marcada pela violência e traição em busca do poder absoluto. Quéops sempre será lembrado pela história pois ele foi o faraó que construiu a grande pirâmide de Gizé, a maior e mais famosa pirâmide do Egito Antigo. Essa, ao lado das demais, foi considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo e é a única que ainda está de pé, mesmo após milênios de sua construção. 

Quando Quéops foi finalmente sepultado em sua grande pirâmide, de onde, segundo sua religião, ele iria ressuscitar do mundo dos mortos, abriu-se a questão de sua sucessão real. Seu filho mais velho, Cauabe, deveria ser o novo faraó. Só que ele jamais iria usar a dupla coroa do alto e do baixo Egito. Acabou sendo assassinado, em circunstâncias misteriosas. Ele, segundo algumas fontes. teve sua garganta cortada, no meio da noite, por guardas palacianos. Estava se preparando para ser o novo Faraó, mas não havia entendido que dentro de seu próprio palácio havia assassinos escondidos nas sombras.  

O principal suspeito obviamente era seu irmão, Jedefré, também conhecido como Ratoises. Era claramente um usurpador do trono real, um criminoso que teria matado seu próprio irmão para se tornar o novo faraó. Não deu muito certo. A classe de sacerdotes e os militares não gostavam dele, sabiam que ele era um assassino. Em seu curto reinado esse Faraó de transição ainda conseguiria erguer sua própria pirâmide, bem menor do que a de seu pai. Posteriormente, quando Roma transformou o Egito em sua província, essa pirâmide seria destruída pelos romanos que usaram suas pedras para construir fortes para o seu exército. Roma, em geral, era muito mais pragmática. Não conseguia entender monumentos como as pirâmides, que para eles não passavam de obras inúteis, sem finalidade para o povo em geral. 

Ratoises foi morto dentro de um templo do Deus Amon. Ele levou uma grande paulada na cabeça enquanto andava no meio das grandes colunas do templo. A história se repetia. Ele foi assassinado a mando de seu irmão mais jovem, Quéfren. Esse iria ser o construtor da segunda maior pirâmide de Gizé, ficando atrás apenas da grande pirâmide de seu pai. Era seis metros menor, uma atitude de respeito para com o grande Quéops. Essa história poderia ser apenas a crônica de uma família imperial nos tempos antigos. Só que o tempo iria provar que não seria exceção. Em regimes de monarquias e tiranias, de fato o que imperou ao longo dos milênios foi a traição e a conspiração contra membros das próprias famílias reais, não raro se tornando elas mesmas palcos de grandes crimes e assassinatos. 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Imperador Romano Augusto

Imperador Romano Augusto
Quando Jesus Cristo nasceu o imperador que reinava em Roma era Augusto, o divino! Claro que na realidade ele não era divino coisa nenhuma, porém Augusto foi considerado um administrador tão capaz do Império que acabou sendo aclamado como uma divindade, com direito a um lugar no panteão romano dos deuses, algo que era aceito naturalmente dentro da religião politeísta do povo romano. O próprio título que lhe foi atribuído, Augusto, significava justamente isso, o de um ser humano que ao morrer se tornou um Deus glorioso!


O mais interessante é que Augusto foi de certa maneira um imperador improvável. Ele era um patrício de família nobre, mas nada em sua infância e juventude poderia antecipar que um dia ele se tornaria um imperador romano com tanto poder! Na realidade quando nasceu Caio Otávio (seu nome real) nem sequer existiam imperadores em Roma, já que seu nascimento se deu na fase da República romana. Sua única ligação com o poder era o fato de ser o sobrinho do grande general, orador e político Júlio César. Amado pelos seus soldados e pela plebe (a grande massa empobrecida do império), Júlio César acabou centralizando praticamente todo o poder de uma Roma em seu auge. Quando se deu conta ele praticamente havia se tornado um verdadeiro rei - algo que dava arrepios no senado romano. Assim para conter sua sede de poder ele acabou sendo morto brutalmente por senadores que o esfaquearam em pleno senado nos idos de março.

A morte de Júlio César mudou a vida de Otávio para sempre. Poucos sabiam, mas ele acabou sendo nomeado o herdeiro de César em seu testamento, o que significava que ele herdaria todos os seus bens e também seu legado político. Depois de um período realmente conturbado - onde um triunvirato subiu ao poder, sendo Otávio um de seus vértices - ele finalmente se acomodou no trono em Roma, se tornando não um rei, mas sim um imperador, um novo título que iria dominar a política romana nos séculos seguintes.

Sob um ponto de vista histórico Augusto foi um bom imperador. Ele reorganizou o Estado romano, criou instrumentos para equilibrar as finanças, organizar o exército e preservar as vastas fronteiras de um Império que dominava praticamente todo o mundo ocidental conhecido. Ao cessar as invasões a povos vizinhos de Roma ele conseguiu implantar um momento histórico de paz e prosperidade em Roma. A "pax romana" significava justamente isso: havia pela primeira vez em séculos um período de paz absoluta dentro das fronteiras romanas. Uma de suas maiores satisfações foi justamente fechar as portas do templo de Marte (o Deus da guerra) em Roma, um gesto que significava que todo o império se encontrava em paz, sem guerras e nem matanças de povos inimigos.

Augusto viveu muito para um homem da antiguidade, mais de 75 anos de idade. Ele era magro, tinha hábitos moderados, comia pouco, trabalhava muito e procurava administrar toda a máquina estatal romana com honestidade, responsabilidade e justiça, premiando os melhores homens do império por suas qualidades pessoais e competência. Embora Jesus tenha sido provavelmente o maior homem que já andou na face da Terra, o imperador Augusto morreu sem saber de sua existência. Afinal de contas Jesus nasceu numa distante província romana. Além disso quando Augusto morreu o jovem Jesus era apenas um garoto de 14 anos, ainda entrando na sua puberdade.

Aliás para muitos historiadores o único grande fracasso da vida do imperador Augusto foi justamente no campo religioso. Como imperador ele foi alçado ao cargo máximo da religião romana. E ele levou muito à sério essa função, promovendo uma série de leis de moralidade a serem seguidas pelo povo de Roma. Infelizmente suas leis foram desrespeitadas por sua própria filha, Júlia, que promoveu uma orgia em um templo sagrado na cidade eterna. Horrorizado e escandalizado por sua atitude ele a baniu para sempre para uma ilha distante e isolada. Augusto não admitia ser desmoralizado como chefe da religião pagã de Roma. Depois de sua morte todos os seus esforços foram reconhecidos pelo povo de Roma, a ponto de um mês do ano ser renomeado em sua homenagem: o mês de agosto, o mês de Augusto, o Divino.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de julho de 2025

Augusto: O Primeiro Imperador de Roma

Augusto: O Primeiro Imperador de Roma
Embora tenha sido considerado um bom imperador, Augusto precisou banhar suas mãos em sangue, muito sangue, como era comum na Roma Antiga. Quando sufocou uma rebelião na Sicília, se viu diante de um exército de escravos. Os que tinham donos foram entregues de volta. Para aqueles que não se sabia a quem pertenciam, ele mandou matar todos. Foram crucificados de uma só vez mais de 6 mil homens de acordo com alguns dados históricos.

Augusto também mandou matar muitos senadores e figuras importantes da história da república romana, entre eles o grande orador e político Cícero. Para que a república morresse e o império surgisse no horizonte em Roma, muitas pessoas importantes da cidade foram assassinadas. Isso de certa maneira mancha a biografia desse imperador, muitas vezes retratado como um homem sensato. Na hora que foi necessário mandar para a morte seus inimigos, Augustus não pensou duas vezes.

Augusto também era considerado um homem de estatura baixa e de composição física frágil. Um dos problemas em sua biografia era a falta de conquistas militares para estampar no fórum de Roma. Ele nunca chegou nem perto de ter um histórico militar de batalhas como seu tio-avô Júlio César. Com isso foi necessário que algumas vitórias de seu general Agripa fossem creditadas como vitórias de Otávio Augusto. Ele poderia ser considerado um líder inteligente e astuto, mas nunca foi um soldado romano de legião.

Historiadores concordam que Augusto só teve dois amigos verdadeiros em vida, o general Agripa, seu amigo desde a infância e o rico mercador Mecenas. Ambos faziam parte da vida privada de Augusto, eram amigos próximos realmente, pessoas com quem ele falava abertamente e sobre todos os assuntos do império. Augusto não gostava e nem confiava em seu enteado Tibério, que iria se tornar o imperador romano com sua morte. Augusto considerava Tibério muito limitado intelectualmente, algo que iria se revelar verdadeiro nos anos seguintes à morte de primeiro imperador.

Pablo Aluísio.